segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Livros...

"Havia uma coleção de livros que eu cobiçava: "O tesouro da juventude". Quem tinha "O tesouro da juventude" era a dona Lilisa, aquela que ganhou 250 gramas de açucar. Quando a visitávamos, eu deixava os adultos conversando na sala de visitas e ia ler "O tesouro". Era um tipo de enciclopédia onde se encontrava de tudo. Um bufê de prazeres. Em qualquer página que se abrisse lá se encontrava um assombro. Mas era muito caro. Meu pai não podia. Nunca tive "O tesouro". Como nunca tive nem velocípede nem bicicleta. Até hoje não sei andar de bicicleta. Quem sabe, diz: "É só montar e sair pedalando". Eu sei fazer isso. De qualquer forma, andar de bicicleta para mim é como montar um cavalo bravo. Nunca sei que idéias ela tem, nunca sei o que ela vai fazer comigo. Agora é tarde demais pra aprender. Não posso tomar o risco de quebrar a bacia... Mas se eu encontrar um "O tesouro da juventude" num sebo eu compro, embora tudo o que está lá deva estar ultrapassado. Compro para realizar um desejo infantil. Mas, se encontrar uma bicicleta, eu não compro." (Rubem Alves)

Assim que li este texto, lembrei de mim, pequenininha, indo na casa da vó Diva. Lá tinha uma estantinha de livros que era meu paraíso. Eu largava os adultos na sala, e ia me sentar encostada na estante vendo quais livros eu ia ler.
A vó Diva até separou alguns que eu podia estragar, escrever, desenhar... Mas era uma enciclopédia velha, que ensinava tudo errado, segundo ela. A Barsa eu não podia estragar não. Era pra usar pra trabalho da escola.
Aprendi a gostar de ler com gibis e com os livros lindos e encantados que a vó Inge me dava e com a vó Amália que me ensinou a ler, de tanto que eu enchia a paciência dela pra ler as coisas pra mim... Minhas avós tem toda a culpa de eu ser apaixonada por livros...
Mas voltando à estante da Vó Diva, eu me deliciava mesmo era nos livros de história.
Chorei como louca no "Meu pé de laranja lima", do José Mauro de Vasconcelos. Aliás, nunca entendi porquê ninguém conhecia muito este autor. Tão bom... "Coração de Vidro", "O palácio Japonês", "Rosinha, minha canoa"... Tão lindos...
E tinha a coleção Ediouro... "Juca Mulato", poesias de Manuel Bandeira... Eu gostava mesmo era do livro de poesias do Guilherme de Almeida... Cheguei a decorar:




E "A Moreninha"? Meu primeiro romance... Ai que delícia ler aquele livro. Que dor que me dá saber que nunca mais vou ler este livro com tanta ansiedade e sem saber o final... Aquela sensação que senti da primeira vez que li foi a coisa mais linda que me lembro da época de leitura. Parecida com a que senti quando li "Senhora", do meu adorado José de Alencar. E a coleção do Machado de Assis? Era meu sonho. Acabei ganhando a coleção do Jorge Amado, quando a vó diva morreu. Mas eu não gosto de Jorge Amado. Só guardo por que era da vó.
A maioria dos livros eu lia ali, sentadinha no chão mesmo. Quando cresci um pouquinho a vó Diva deixava eu levar pra casa. Um de cada vez, pra eu não perder. Era tipo uma biblioteca.
O que eu sempre quis e nunca pude ter era a coleção inteira do Monteiro Lobato. Era muito cara. Minha mãe não podia me dar. Mas a vó Amália resolveu rapidinho: me ensinou o caminho do paraíso: Biblioteca!
Eu passava toda semana na biblioteca, pegar alguns livrinhos novos pra semana. Nunca concordei com o prazo de dez dias, e com a quantidade: 3 de cada vez? Nãaaaaooo!
Eu achava tanto livro que queria ler. 3 era muito pouco!
Entre idas e vindas, lá descobri o Marcos Rey. Que animal era ler: "O rapto do garoto de ouro", "Um cadáver ouve rádio", "O Mistério do Cinco Estrelas", "Enigma na televisão", "Um rosto no computador", "O diabo no porta-malas"...

Eu poderia ficar falando dos livros da juventude o dia inteiro. Que delícia!
E vocês do que lembram mais de terem lido e gostado quando eram crianças?

9 comentários:

  1. Me lembro de chorar muito com o "Meu pé de laranja lima" também... Emocionante demais. E lembro que eu tinha quase todos os livros da Série Vaga-Lume, muitos do Marcos Rey, é claro. Clássicos infantis, que saudade!

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  2. Oiii Moça, lendo seu texto lembrei de quando os representantes das editoras iam na escola vender enciclopédias, iamos para casa entusiasmados para convencer os pais a comprarem, rsrs isso era muito comum antigamente, hj em dia não acontece mais, de fato a enciclopédia do Monteiro Lobato era um sonho de consumo! Bjinhossss

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  3. Ler sempre foi e continua a ser uma das minhas paixões : contimuo comprando livros como se tivesse vinte anos e toda uma vida à minha frente e, francamente, duvido que consiga ler todos os livros que tenho nas estantes...e ontem comprei mais um ( o tema é a Inquisição em Portugal)

    Nunca sequer tentei andar de bicicleta, até porque não me dou bem com nenhuma máquina, rrss

    Um abraço grande

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  4. Também comecei a gostar de ler através dos gibis (os gibis do Tio Patinhas e da Turma da Mônica eram os meus preferidos). O livro da minha infância foi O Pequeno Príncipe. Depois dele, nunca mais parei de ler. Sou apaixonada pela literatura e adoro ler. É meu passatempo preferido. Adorei a postagem, até porque é sempre bom falar de livros. Beijinhos.

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  5. nossa, eu li tantoo quando era pequena!
    tbm lembrei de alguns desses!
    Beijos!

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  6. Comecei a ler com os gibis. E isto trouxe um engrandecimento sem igual querida. Ler é reconfortante e nos abre portas. Lindo o seu texto.

    :)

    Beijo!!

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  7. Ler é bom demais! Fico triste ao ouvir alguém dizer que não gosta ou não tem paciência para ler.
    Pior pra eles: nem imaginam o que estão perdendo.

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  8. Na adolescência, li todos de José de Alencar e me apaixonei por uma coleção Americana de Laura Ingals Wilder, que contava a vida de uma família americana do tempo dos pioneiros.

    Recentemente, gostei muito da Trilogia 1Q84, de um autor japones cujo nome agora me foge. Está faltando ler o terceiro volume.

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  9. Livros... amigos eternos e discretos. Acho que descobri a amor pela literatura com Monteiro Lobato; que saudade daqueles tempos! Boa semana, moça.

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