quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A arte de engolir sapos



"A pessoa que nos obriga a engolir sapo, a gente nunca mais esquece.
Diz a Adélia que "aquilo que a memória amou fica eterno". Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão. Conversa de jagunços matadores. Diz um: "Mato mas nunca fico com raiva." Retruca o outro, espantado: "Mas como?" Explica o primeiro: "Quem fica com raiva levo o outro para a cama." É isso. A gente leva para a cama a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia que ela também terá de engolir um sapo. Ou, como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: "O seu dia chegará.""
( Rubem Alves )


Eu ando meio incomodada em engolir sapos. Acho que antes eu conseguia fazer isso com maestria. Disfarçava bem mesmo. Até sorria. 
E isso me foi muito bom em minha vida pessoal, profissional e etc. 
Hoje eu me vejo mais revoltada, mais irada: tolerância zero (Lembra do Grande Francisco Milani??). E não acho isso bom. 
Engolir sapos faz parte de uma vida saudável na sociedade. Se você não consegue, você acaba arrumando briga, desentendimento, perdendo a calma, perdendo chances...

Quando li este texto do Rubem Alves, fiquei de cara como ele conseguiu - mais uma vez - dizer tudo o que eu estava pensando... O problema de engolir sapos é quando a pessoa que nos faz engolir sapos não é uma pessoa qualquer, que nem sequer merece nossa preocupação. A questão é outra: engolir sapos de pessoas próximas, íntimas, amigas ou não. Pessoas que vão, de algum modo, continuar fazendo parte do nosso dia-a-dia. 

Como, meu Deus, como agir???

Juro, que por mais que eu não seja vingativa, Rubem Alves novamente se faz fiel ao sentimento: "a gente fica esperando o dia que ela também terá que engolir um sapo". E aí não é vingança. Acho que é um desejo de justiça. Será?

Por fim a frase: "A raiva eterniza as pessoas". Quer pior verdade que essa? Você com certeza se lembra do seu vizinho que ouve um funk/samba no último, mas não se lembra daquele silencioso, que te dá bom dia todo dia. 

E assim é... me causou raiva, eu me entristeço, demoro pra esquecer... Perdôo. Mas sempre fica aquela tristezinha no fundo. Queria ser evoluída e não sentir isso tudo.

E respondendo minha pergunta, como agir? Simples: faça de conta que nada aconteceu, aja naturalmente. Espere em silêncio que o outro engula seu sapo. É a melhor opção.

Ou....

3 comentários:

  1. Adorei a resenha explicativa.
    eh verdade!!
    KKKKKK a a parte do vizinho que escuta funk com certeza. A pessoa é eternizada na raiva!

    Bjk

    mulherziceseafins.blogspot.com

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  2. Muito boa a resenha.....é dificil essa arte de engolir sapos...
    Beijos!!
    òtima semana
    Andrea

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  3. Monicaaaa, que medo. Acredito que li esse texto ontem!!!! Comprei um livro do Rubem Alves e ele começa exatamente com essa metafora... Perfeita para meu momento!!!! Precisamos sentar num pelo café aqui em SP e conversar mais sobre Rubem!

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