domingo, 15 de setembro de 2013

Longe

Longe...
Quando você fica mais longe de tudo, você muda o seu ângulo de visão de tudo.
Quando este distanciamento é involuntário, você reflete também o que isso pode trazer de crescimento ou simplesmente de acréscimo pra sua vida.
E traz.
Se você consegue aproveitar esta situação ou ao menos se dispor a aprender com ela, sem se preocupar em entender tantos porquês: de estar longe, de ter que ir, de querer voltar, de precisar voltar, de não poder voltar... Se você apenas se der a oportunidade de abstrair de tudo e tentar se render ao que ficou diante de você, quem sabe esta situação pode te surpreender:
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” (Clarice Lispector)
Ficar sozinho, conversar consigo mesmo. Ser sua melhor companhia. Se irritar consigo mesmo. Sentir saudade. Querer estar perto daquilo que é o que se entende seu. Ter medo da distância. Ter medo de possíveis mudanças. Ter medo de que o tempo longe mude o que era antes, quando você enfim retorna ao que era seu.
E o que era seu realmente? Como saber se o que você deixa por alguns momentos, e pensa que é seu, é de fato seu? Sempre que penso nisso lembro dessa frase:
"Amo a liberdade, por isso as coisas que amo deixo-as livres. Se voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as tive." (Bob Marley)
E é a pura verdade. Adiantaria cuidar de perto da menina dos seus olhos, se ela estivesse destinada a ser a menina dos olhos de outra pessoa? Adiantaria não se ausentar do seu posto por medo de perder espaço, se o seu posto não fosse efetivamente e seu e se a você estivesse algum posto muito melhor a espera?
As pessoas pensam que podem controlar as coisas. Podem induzir acontecimentos, prever futuros. E isso é ilusão. Podem ao máximo lutar pelo que querem, demonstrarem real interesse, cuidar perto ou longe. Mas o que de fato tem que ser acontece, querendo ou não.
E lidar com isso é o grande desafio da vida. Saber aceitar perdas, saber lidar com derrotas. Saber se adaptar com mudanças repentinas, ou com coisas que acontecem diferentes do que tínhamos pensado.
É a transitoriedade das coisas.
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” (Fernando Teixeira de Andrade)
As travessias nos trazem surpresas. Podemos transitar por distâncias muito longas e chegarmos de volta ao mesmo lugar. O retorno pode ser ao mesmo lugar, mas com boas diferenças. Ou péssimas mudanças. O retorno pode trazer a dádiva do reconhecimento: as vezes, só damos valor às coisas quando ficamos sem elas... e a chance de recuperar algo perdido pode dar outro sentimento e ação ao que importa, no momento da volta.
O retorno pode também não acontecer. Pode ser que se vá à direção oposta. Ao novo. Ao que nunca se viu. Ao que se viu e não se queria. As coisas normalmente saem do controle.
Coragem mesmo é gostar de mudanças: "As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem." (Chico Buarque)
Saber conviver já pode ser um começo. Mas, confesso: Voltar pro que tanto se gosta é uma das coisas mais deliciosas do mundo.

Bom fim de semana pra todos

9 comentários:

  1. "Voltar pro que tanto se gosta é uma das coisas mais deliciosas do mundo."

    Verdade.

    E tantas vezes é preciso descontruir pra construir de novo...

    bjos

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  2. Como eu adoro essas suas reflexões.....

    :)

    Saudades flor!!!!

    Bjooo

    Dani

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  3. Mudanca no fundo , existe um motivo. Logo vira o porque...... Surpreenda se com ele....e confie.

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  4. Muito boa reflexão, me identifiquei muito com seu texto! bjs e uma ótima semana

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  5. Realmente, saber se adaptar com mudanças, nem sempre bem-vindas, é uma das coisas mais difíceis que existe. Belo texto!

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  6. Sua reflexão tá perfeita, flor! Mudar é sempre bom. beijinhos e linda semana.

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  7. que lindoo texto!
    Beijos!

    www.fashionfrisson.com

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  8. Eu gosto muito das suas reflexões. Acredito que as mudanças são necessárias para o fim e o começo de um novo ciclo de vida. Que as nossas escolhas influenciam o andar dos acontecimentos. Eu não acredito em destino, mas acredito que algumas coisas não dependem só das nossas escolhas. Saber se adaptar é extremamente necessário. Beijos.

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  9. Belas reflexões, Moça! E você está certa: adaptar-se é, muitas vezes, o segredo de viver bem. Boa semana!

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