segunda-feira, 24 de setembro de 2012

E se você não pudesse esquecer?


Hoje li uma notícia que me deixou em pane: “Com supermemória, ingês lembra o que fez, comeu e usou em dez anos”.

Pra resumir, é a história de um cara que tem uma doença chamada “hipertimésia”, que seria uma amnésia ao contrário, fazendo com que ele não se esqueça de nada que ocorreu consigo na última década.

Você já parou para pensar o que isso quer dizer?Já pensou que desespero se lembrar de cada detalhe, de cada roupa, de cada comida, de cada palavra, de cada momento bom, mas também de cada memória triste, de cada briga, de cada revolta.

A maioria das pessoas se lembra não mais do que 11 eventos importantes por ano. Eventos importantes podemos tomar coisas boas e ruins.

O que é bom adoramos lembrar. Nos faz bem.

O que é ruim nos amadurece, nos faz enxergar a vida com outros olhos, mas também nos deprime e angustia. Nem sempre nos faz tão bem.

Pensando nisso, será que esta doença aumenta o sentimento de raiva, ira, revolta, violência do doente?

Porque é fato: Um bom relacionamento, quer amoroso, profissional, fraternal ou familiar vai requerer paciência, calma, perdão. Quanto mais rápido for a capacidade de perdoar e seguir em frente, recomeçar, mais difícil é de se criar os sentimentos negativos que citei acima.

Eu tenho a facilidade de esquecer coisas ruins. Algumas vezes digo que tenho memória ruim.

Rubem Alves diria que tenho memória boa: “Temos memória fraca? Não. Temos memória inteligente. Burras não são as memórias que esquecem, mas as memórias que nada esquecem... A memória inteligente esquece o que não faz sentido. A memória viaja leve. 

Não leva bagagem desnecessária. ”

Procuro não levar nada que possa me deprimir. Aproveito os acontecimentos ruins para crescer, me modificar, me edificar, evoluir. Se eu me lembrar dos detalhes, acabo com o relacionamento possível com o ator do mal.

Não sei se é o correto.

Mas tento ser leve.

Acabo não pedindo muitas desculpas, pois não guardo muitos rancores. Esqueço o mal que me fizeram e logo fico bem de novo. Claro, com pessoas que eu amo e que sei que me amam.

Pedras no sapato eu mantenho bem longe!

domingo, 16 de setembro de 2012

Criando jardins


O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem.” (Rubem Alves)

Será que é aquela velha história de não dar o peixe e sim ensinar a pescar? Claro que é. Também. Rubem Alves consegue escrever coisas que servem pra vários aspectos da nossa vida.
Quem lê este textinho dele, pode achar que falaria sobre o BOLSA FAMÍLIA, ou QUALQUER OUTRA BOLSA ALGUMA COISA.
Não, falo sobre jardins. Aquele do: “Jesus é o jardineiro e as árveres somos nozes”.
Até que ponto somos bons jardineiros? Que valor damos para nosso jardim? 
Quando é que deixamos de fazer com que uma flor floresça, ou deixamos de regar uma muda, ou pisamos em uma roseira? E esta flor pode ser seu filho te pedindo atenção; a muda pode ser seu amor, querendo um pouquinho de carinho nesses dias corridos; e a roseira pode ser aquela pessoa que te atendeu numa loja, tão educado e você, mal-humorado, foi embora de cara fechada.
Do que adianta receber um lindo jardim – nossa vida – se não soubermos cultivá-lo, cuidá-lo, apreciá-lo e dar condições para que ele cresça? 
“Você é eternamente responsável por aquilo que cativas” (O pequeno Príncipe). Estamos falando de pessoas e coisas do seu convívio? Sim, mas também estamos falando da sua vida. Sua vida é um presente. Uma chance que Deus te deu de se tornar mais justo, mais pleno, mais perfeito. Mais parecido com Ele.
E o que faz seu jardim prosperar? Mente e Ação.
Tudo aquilo que tem em sua mente, ou como diriam os mais românticos: o que vai no seu coração - “O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro”. Sua mente governa seu corpo, suas ações. Cuide bem do que pensa, do que sonha, do que anseia. Sonhos muitas vezes governam o mundo.

E pra voltar no tema Jardim, separei algumas fotos de jardins simples, que até dá pra tentar fazer em casa, ou sonhar fazer em casa...















Para mais sugestões, visite 

Varandas difíceis, soluções verdejantes 

domingo, 9 de setembro de 2012

O Rio


"Deixa-me seguir para o mar
Tenta esquecer-me...
Ser lembrado é como evocar
Um fantasma...
Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo...
Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!"

Mário Quintana 



A tristeza de um rio, de não poder parar... E quantas vezes somos nós, quem não temos essa parada. Quem não temos esta beleza?
Nestes dias, pude perceber que viver correndo, com os minutos contados, com os compromissos agendados, me fez até perder minha saúde.

De que adianta, poder ter algo se não posso usufruir dele?

Dei um grito de libertação que me fez me comprometer com uma coisa: calma, paz, tranquilidade. Sem correria, sem comer sem sentir o gosto da comida.

Ontem, passeando por São Paulo, usei várias vezes o metrô. E, claro, fiquei observando as pessoas, em sua correria diária, indo ou voltando do trabalho.
Percebi que a correria era tanta, que mesmo na escada rolante, as pessoas vão andando, correndo, tudo pra não perder tempo, para voar.

Voar.
Passar rápido.
Eliminar etapas.
Cumprir logo o esperado.

Lembro do filme Click. Comédia dramática linda. Lembram?

Talvez a correria é tanta, que provavelmente quando você leu a poesia acima, não conseguiu degustá-la e perceber o quão bonita ela é. 
O que fazemos conosco mesmo, é um pecado. Um sacrilégio.

"Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo..."

O quanto nos mudamos, nos tornamos algo que não somos. Não aceitamos nossa natureza.

"Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...
Um espelho não guarda as coisas refletidas!"

Quantas memórias lindas teremos de coisas tão triviais que muitas vezes não lembraremos, nem sequer no momento, nos daremos conta de que são coisas lindas.

"E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar..."

Nossa vida é corriqueira. O tempo passa por nós sem piedade.
É carnaval. Quando percebemos já chegou o natal.
Não vemos mais os meses passar. Até Agosto, que sempre foi um mês pesado, demorado, passou voando e eu não vi.
Não conseguimos guardar nada, a não ser coisas materiais, que na verdade não nos pertencem ao certo, e não poderemos levá-las a lugar nenhum quando nos formos.

Nosso destino é seguir. sempre seguir.
O desafio é não perder as imagens do caminho, o que aprendemos, desaprendemos, criamos, crescemos.

"Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!"

Assim como nós...


Boa semana, gente!

domingo, 2 de setembro de 2012

Confesso que vivi


Quando estive no Chile, pude conhecer a famosa casa de Pablo Neruda em Santiago.
Nesta mesma casa, tem uma lojinha com vários livros do autor.Pra treinar meu espanhol, comecei a ler "Confieso que he vivido", no Brasil, Confesso que vivi. O livro é uma autobiografia, escrito ao longo de vários anos por Neruda, e publicado após sua morte, em 1974.
O livro é uma delícia de se ler! Mais ainda quando você já leu outros livros do autor, pois ele nos conta, além de vários detalhes das fases de sua vida, detalhes de como surgiram algumas de suas poesias mais famosas. Assim acontece com esta: O tango del viudo.
O livro vai desde a infância do autor, passa pelo início da carreira diplomática, a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, suas andanças pelo mundo, seus exílios e sobre o seu regresso à pátria.
Um treixinho que está lá:

"Talvez não tenha vivido em mim mesmo, talvez tenha vivido a vida dos outros.
Do que deixei escrito nestas páginas se desprenderão sempre – como nos arvoredos de outono e como no tempo das vinhas – as folhas amarelas que vão morrer e as uvas que reviverão no vinho sagrado.
Minha vida é uma vida feita de todas as vidas: as vidas do poeta."

Fiquei tão encantada com a leitura, que pesquisando outros dados sobre o livro na internet, me lembrei de uma maravilha de filme: "O carteiro e o poeta". Filme este que conta a história de Mario, um carteiro que, ao fazer amizade com o grande poeta Pablo Neruda (então exilado político), vira seu carteiro particular e acredita que ele pode se tornar seu cúmplice para conquistar o coração de uma donzela. O filme se passa em uma linda ilha na costa italiana, o que traz além de toda a magia do filme, um brinde de belas paisagens. 


Quando se explica a poesia, ela se torna banal.” (Neruda), por isso, se puderem, vejam o filme e leiam o livro!!! Não vou conseguir, apenas com palavras, explicar o quão engrandecedor me foi conhecer estas obras!!!

Boa semana!!!!